E ai maio acabou.
Com muita violência, escândalos e, consequentemente muita tristeza.
O desafio da vida moderna com tantas ofertas e poucos recursos nos tem feito caminhar em círculos irregulares.
Somos invadidos pelas manchetes sensacionalistas e sangrentas, e antes de absorvermos todas as informações, novas matérias vão se sobrepondo. A justiça não se aplica e os processos crescem amontoando salas e cômodos. A umidade do esquecimento corroí cada vitima, cada grupo, cada sentimento.
Me doí muito o sofrimento alheio. Em todos os seres vivos deste planeta. Porém, o que me rasga de verdade é o esquecimento. Nossas vítimas são sangradas tão rapidamente e substituídas com tamanha velocidade que estamos perdendo na memória os rostos e carinhas  que nos foram caros.
Como frear este movimento é um desafio do mundo contemporâneo.
Sigo silenciosa no meu tempo, rezando com muita fé para que estes crimes acabem e que ninguém seja esquecido.
Bom domingo. Com lembranças e desejos de dias melhores.

foto Raquel Sabbas

Bicicletas e facas

Adoro as magrelas! E tenho um cuidado sempre redobrado com laminas afiadas.
Sem conseguir me equilibrar em um pensamento coerente que traduza toda esta violencia urbana que aumenta diariamente, me recolho.
A incapacidade de propor medidas eficazes, solucoes concretas, ou promover discussoes apaixonadas e nao raivosas, me provoca um sentimento de cumplicidade com aqueles que fazem sangrar, apertam os gatilhos, roubam as merendas, saqueiam os cofres publicos e que se silenciam.
Me sinto uma pessoa pessima, um tipo de ema com a cabeca enfiada em um buraco raso.
Sem ponto final, sem desfecho, sem nada, me sentencio com um silencio estrondoso.
Chega de agora.