Rita Sabida

A Rita é minha neta leite, aqui de Luanda. Tem a Kiesse, que é a café. As duas, mais a minha filha, me fazem reforçar, diariamente minhas certezas sobre o poder do pequeno almoço. (IEOH)
Dei para cada uma destas criaturas de 2 anos, a coleção dos dvds da Xuxa. Para agonia e desespero dos pais. Mesmo pirata, que Deus se apiede da minha alma, pois da língua eu tenho tentado dar um jeito, estes dvds tem feito o maior sucesso com as baixinhas.
Um dia destes a Rita machucou o dedinho do pé, caiu algo em cima dele. Muito sangue, muita dor. E o que confortou aquela criaturinha loirinha foi a promessa de ir para casa assistir a Xuxa. A mãe dela que me contou, e que pela primeira vez, ficou grata a loira brasileira que enlouquece há muito tempo as crianças. E sabia que a dor devia ser muita, pelo estado amassado do dedinho.
Mesmo sem estar presente no dia, senti aquela dor da Ritinha Princesa como se aquele objeto também tivesse me ferido. Ela tão pequena, o dedinho, tão coxito. E a vontade daquela criança de assistir a Xuxa, para atenuar a sua dor ficou, como ultimamente as coisas tem ficado, pairando feito um ave barulhenta em minha cabeça.
Que vontade legitima é esta que pode superar a dor? Que Xuxa eu tenho que possa operar este milagre, de trazer conforto, em meu próximo sofrimento? Tenho tido uma dor constante e silenciosa em meu coração neste mês de Janeiro. Uma dorzinha, silenciosa e persistente, resultado de uma ferida, provocada por uma desatenção minha, que faz meu coração sangrar, gotinha a gotinha, todos os dias e principalmente, religiosamente, durante o chegar da noite.
Assim como a Rita também quero que a dor passe. Assim como ela, tenho que ter uma alternativa. Ela é tão sábia. Eu também preciso estancar o sangue.
E encontrei: Mamma Mia. O musical da Meryl Streep, com as musicas do ABBA. Um dvd também alternativo, o que para os meus antigos padrões de exigência e de civilidade, ainda me fazem um tanto mal. Prefiro sempre os originais, mas o que posso fazer? Mamma Mia!
Aqui estou eu cantando e dançando que nem uma enlouquecida (em algumas situações sem emitir som e sem me mexer da cadeira) todas as vezes que eu precisar.
Se a dor passou? Ainda não. Só que eu sei que vou ficar boa. Aproveito para me lembrar de um telegrama que meu amigo José Mauro me enviou, me dizendo, que nada como um beijo para fazer a dor curar. Mamma Mia!